'The Heresies of John Maynard Keynes' (Em memória de Robert L. Heilbroner)
Keynes não apenas diagnosticou o problema, mas também propôs uma solução: a intervenção governamental.
John Maynard Keynes acreditava que uma economia em depressão poderia permanecer em depressão. Isso significa que uma economia poderia funcionar em um nível sustentado de desemprego, sem qualquer tendência ou mecanismo embutido para se reparar ou se corrigir.
Antes de Keynes, os economistas acreditavam que as crises econômicas, que produziam desequilíbrio no mercado de bens e de trabalho, eram temporárias e de curta duração. A explicação é que o desemprego não poderia ser sustentado porque o excedente de trabalhadores no mercado de trabalho forçaria a queda dos salários e diminuiria os custos de produção. Isso aumentaria os lucros e a produção, o que aumentaria a demanda por trabalhadores e levaria a economia de volta ao pleno emprego. Outra explicação é que durante uma recessão, as pessoas economizariam mais. O aumento da poupança reduz a taxa de juros sobre os empréstimos às empresas, incentivando as empresas a tomar mais empréstimos e financiar novos investimentos. As empresas estariam então em posição de aumentar a produção, contratar mais trabalhadores e a economia sairia da recessão e voltaria ao pleno emprego.
No entanto, existem algumas falhas básicas neste raciocínio econômico que Keynes trouxe à luz. Primeiro, quando a economia entra em parafuso e as pessoas perdem seus empregos, elas têm menos renda. Portanto, as famílias não economizam mais, mas usam suas economias porque não há fluxo de renda devido ao aumento das taxas de desemprego. Sem o aumento da poupança, não há pressão para baixo nas taxas de juros e nenhum incentivo para as empresas tomarem empréstimos e investir, e nenhuma tendência para a economia se recuperar por conta própria. Assim, em vez de se recuperar, a crise econômica continuaria. Além disso, com todo o excesso de capacidade, as empresas não têm incentivo para investir, independentemente do nível da taxa de juros.
A noção de que a economia não se corrigirá baseava-se em duas outras ideias principais: a poupança determinava a renda e a prosperidade dependia do investimento. Ou seja, a expansão econômica só ocorreria se o investimento empresarial aumentasse. Com menos poupança, devido a menos renda e menos investimento, devido a menos gastos, durante a Grande Depressão, a economia ainda tendia ao equilíbrio, mas com níveis de desemprego muito elevados.
Keynes, entretanto, não apenas diagnosticou o problema, mas também propôs uma solução: a intervenção do governo. Na verdade, essa intervenção já havia sido implementada na forma do New Deal, antes da publicação da Teoria Geral. Como diz Heilbroner, “o remédio estava sendo aplicado antes que os médicos soubessem exatamente o que fazer”.
Essa ênfase deliberada nos gastos do governo para estimular a economia serviu para mais de um propósito. Colocou as pessoas de volta no mercado de trabalho, aumentando o bem-estar social, mas também ajudou a estimular o investimento indiretamente. Com as pessoas de volta ao trabalho, a renda aumentou, seguida por aumentos no consumo e na poupança. O aumento na demanda do consumidor levou ao aumento da produção, que por sua vez aumentou o emprego e a renda, impulsionando a economia e levando-a ao equilíbrio de pleno emprego. O aumento da poupança também reduziu a taxa de juros, incentivando as empresas a tomar mais empréstimos, o que aumenta os gastos com investimentos.
Keynes não via essa intervenção como uma política permanente. Ele viu isso mais como uma maneira de trazer um sistema que precisava de ajuda de volta para onde estava.
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